As melhores cenas de tribunal das novelas brasileiras
- Ana Carolina do Carmo
- 4 de jun.
- 6 min de leitura

Se existe uma coisa que diz muito sobre a cultura brasileira são as novelas, com sua capacidade de reunir a família na frente do sofá, parar o país em seus instantes finais e marcar fases da vida dos seus espectadores. A tradição de acompanhar os folhetins é amplamente enraizada em nosso país e passada de geração em geração, sendo uma expressão de nosso modo de viver. É claro que a dimensão jurídica não poderia deixar de ser retratada nos capítulos de tensão, na verdade, por sua natureza de despertar a curiosidade de quem acompanha, é um recurso de roteiro muito comum de ser utilizado. Agora você irá relembrar alguns julgamentos famosos das célebres novelas da televisão nacional!
O julgamento de Sandra- Êta mundo bom!
Após viver anos encostada em sua tia (dona Anastácia), a personagem Sandra resolve aplicar um golpe para pegar toda a herança deixada pelo tio, uma vez que dona Anastácia reencontrou o filho há muito perdido, Candinho. Para isso ela se junta com o advogado de confiança da tia e falsifica a assinatura dela em um documento que lhe dá a posse de todos os bens da magnata, com a desculpa, escrita em uma carta, também falsificada, de que a fábrica que deu origem a toda a herança foi criada com o dinheiro de sua família e Anastácia o fez para reparar o testamento injusto do tio, querendo agora apenas aproveitar o filho e recuperar o tempo perdido. Com o plano perfeito em mente, a vilã entra na justiça com uma liminar de posse e exige que a tia saia da casa, ela então inicia um processo contra a sobrinha por falsificação de documentos e apropriação de bens. A solução do caso acontece graças ao arrependimento do advogado, descobrindo que foi em parte, enganado por Sandra, ele confessa tudo no tribunal e acaba preso, a moça, para não acabar da mesma forma, pede um recesso e foge pela janela do banheiro. Sendo a fuga considerada confissão de culpa, Anastácia reouve todas as suas posses.
A disputa judicial pela fábrica de chocolate Bombom-Chocolate com Pimenta
Um caso bem semelhante ao anterior, nessa trama, a irmã do finado e rico Ludovico, Jezebel, entra em um processo contra sua cunhada Ana Francisca, apresentando um testamento falsificado e alegando que o irmão deixou tudo para ela a fim de proteger o sonho de sua vida, a fábrica de chocolates, afinal estava se casando com uma mulher muito mais nova e temia um golpe. No tribunal, as testemunhas de Aninha acabam por atrapalhá-la. Juntando esse fato com a falta de outro documento registrado em cartório, assinado por Ludovico, o perito confirma a veracidade daquele apresentado por Jezebel, assim, o juiz confirma a doação dos bens e passa-os todos para a irmã do dono da fábrica, mas obrigando-a a pagar uma pensão para o filho de Ana Francisca. Após certo tempo, a viúva consegue recorrer da decisão, agora com novos documentos para o perito poder usar como comparação, e duas novas testemunhas, uma delas era Miguel, que revela no tribunal ser filho não reconhecido do falecido, o qual enviava dinheiro para a educação do menino, sendo os documentos, as transações bancárias e uma escritura de uma casa para a mãe de Miguel, ambos assinados por Ludovico. Já a outra testemunha era o padre Eurico, coroinha no casamento de Ana e Ludovico, com o livro onde ambos assinaram no dia da cerimônia e o padre que a realizou para alegar o ocorrido. Na manhã seguinte, depois da análise do livro, o perito diz que o testamento de Jezebel era falso e a fábrica é devolvida para Ana Francisca.
O julgamento de Zaqueu- A Terra Prometida
Em uma cena de “tribunal” datada de antes de Cristo, mostra-se um pouco sobre como eram realizados os julgamentos pelo povo hebreu na época da conquista de Canaã. A causa do “processo” foi um plano arquitetado pelos irmãos e antagonistas Tobias e Samara para conquistar os corações de suas respectivas paixões, Chaia e Josué, para isso, eles se aproveitam da tensão gerada pela iminência de uma guerra e atacam a esposa de Josué, Aruna, com uma flechada enquanto ela lavava roupa, a mulher cai no rio e presume-se sua morte. A culpa recai sobre Zaqueu, marido de Chaia, pois estava caçando nos arredores e a flecha que atinge Aruna, logo após um disparo feito por ele, era muito similar ao seu modelo exclusivo. Inicia-se um julgamento e como o povo adotava regras similares à Lei de Talião (olho por olho, dente por dente), o resultado, pena de morte, era esperado pela maioria. O réu se declara culpado pelo crime, acreditando na armação e como dizia a lei mosaica (de Moisés), seguida à risca pelos Hebreus, a família poderia pedir reparação pelo crime, mesmo não sendo intencional e todos recusam, menos o próprio Tobias, que exige ver Zaqueu morto. Os líderes votam, considerando a falta de intenção e o fato de não terem encontrado o corpo, por fim, decidem aplicar as medidas deixadas por Moisés nos casos de crimes não intencionais, levar o réu para uma cidade isolada, como ainda não havia tal cidade, ele é exilado. A situação só se reverte quando um soldado encontra no local do ocorrido uma codorna flechada, com as flechas idênticas às utilizadas por Zaqueu, uma vez que tendo acertado a codorna, a flecha jamais poderia ter atingido Aruna, ele é aceito novamente em seu povo e passam a investigar quem tentou o incriminar. O plano só é descoberto na eventual volta da vítima, a qual revela ter visto Tobias no momento em que atirou a flecha, mas a essa altura, o culpado já estava morto.
O julgamento de Tomás Ferraz (Tobias)- Chiquititas
Tobias, um barista da loja Café Boutique faz um clipe na internet, como o cantor famoso português, criado por ele, de nome Tomás Ferraz, para conquistar a mulher que ama. O problema judicial da história surge com a escolha da música, pois o tema “A festa ainda pode ser bonita” pertencia ao cantor Roberto Leal, o qual faz uma aparição na trama para processar Tomás Ferraz pelo uso indevido de sua canção. Após uma cena extremamente cômica, Tobias é condenado a pagar a Roberto Leal tudo o que lucrou com o uso da música.
O julgamento de Josiane- A dona do pedaço
Dois assassinatos foram cometidos, na cena do crime a investigação policial encontra uma bolsa e um fio de cabelo, indicando que a culpada é uma mulher, sendo uma das vítimas o mordomo de Josiane, a polícia se aproxima para investigar. As suspeitas contra ela se intensificam ainda mais depois que ela expulsa a mãe (Maria da Paz) de casa e toma sua fábrica, momento no qual uma terceira pessoa, Fabiana, revela ter uma foto da execução do crime e ameaça Josiane, querendo a fábrica que era de sua mãe, comprando-a por um preço bem mais acessível.
O ex-namorado de Josiane, Téo, consegue acesso às fotos depois de invadir o celular de Fabiana e vai confrontá-la sobre o ocorrido, a criminosa o enrola e aproveitando-se de uma distração o esfaqueia diversas vezes, acreditando que ele está morto, foge. Téo, sendo socorrido a tempo, sobrevive e no hospital mostra a foto para uma investigadora de polícia, a qual consegue um mandado de prisão de forma preventiva contra a mulher.
Acertando os detalhes para que o julgamento ocorra, o advogado de defesa de Josiane vai atrás da única testemunha ocular do crime, Fabiana e a coage a depor em favor da ré, ameaçando uma denúncia de extorsão contra ela, envolvendo a compra da fábrica feita recentemente. Em vista dos “argumentos” apresentados, Fabiana aceita ajudar a defesa.
No dia do julgamento, a primeira testemunha é a própria Fabiana, que acaba por se atrapalhar com suas alegações após o promotor expor a extorsão que lhe permitiu comprar a fábrica pelo valor abaixo do mercado, querendo saber sobre a foto tirada no momento do crime e se de fato ela estava presente no momento e para se livrar, a testemunha finge estar passando mal.
Téo, entra para falar e além de contar sobre os planos de Fabiana e a foto a que teve acesso, relata a tentativa de homicídio da qual foi vítima. O julgamento desenrola-se ainda com a presença de diversas testemunhas que declaram a falta de caráter de Josiane e relatam o estado de seu ex-namorado e do local do atentado após os fatos. Um dos depoimentos é descartado após considerarem a pessoa que o deu “mentalmente desequilibrada”.
Outro depoimento importante foi o do investigador Camilo, que relata a investigação do caso. Ele comenta sobre a bolsa com dinheiro encontrada com a vítima, horas depois de Josiane ter realizado um alto saque no banco e a sua recusa em fornecer um fio de cabelo para comparação de DNA com aquele encontrado na cena do crime.
O depoimento mais emocionante foi o de Maria da Paz, mãe da ré, confirmando a posse da bolsa encontrada na cena do primeiro crime e a possibilidade de sua filha a ter pego, conta também todo o sofrimento que passou nas mãos da filha, desde o descaso por sua profissão simples, o caso que a ré teve com o seu namorado e a tomada de todos os seus bens e encerra sua contribuição aos prantos declarando-se culpada de ter dado uma má criação à sua filha, pedindo para ser presa por isso.
Com todos os depoimentos e provas à mão, o juiz declara a ré culpada e lhe dá a condenação máxima da época, 30 anos de prisão.
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