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Inteligência Artificial e Direito: Desafios e Perspectivas

  • Foto do escritor: Rayane Victoria Nunes
    Rayane Victoria Nunes
  • 25 de out. de 2024
  • 3 min de leitura

Quando pensamos em tecnologia, é quase automático associá-la à inteligência artificial, que transforma diariamente nossa forma de viver e enxergar o futuro. Da mesma maneira, no Direito, as mudanças são constantes, pois normas e leis que não acompanham a evolução da sociedade tornam-se obsoletas. Imagine se o Código Civil de 1916 ainda estivesse em vigor; muitos aspectos seriam difíceis de aplicar, já que a sociedade atual, com novas demandas e relações, exige um arcabouço jurídico atualizado e dinâmico. Assim, como a tecnologia avança, o Direito também precisa evoluir para permanecer relevante e eficaz. 


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Dra. Fernanda de Carvalho Lage Foto por: equipe dos embaixadores

Quando falamos em inteligência artificial, o cenário se torna ainda mais complexo, visto que o mundo jurídico precisa adaptar-se a essa nova realidade. Lidar com o direito que envolve tecnologia, exige novas abordagens para questões como responsabilidade civil e penal, proteção de dados e a garantia de direitos fundamentais. O grande desafio é criar marcos regulatórios e soluções jurídicas que acompanhem o ritmo dessas inovações, assegurando que a tecnologia seja utilizada de maneira ética e justa, sem comprometer a segurança e os direitos da sociedade.


Um ponto importante a se destacar é, que o uso de inteligência artificial não é algo tão recente quanto parece. Já nas décadas passadas, durante a Segunda Guerra Mundial, o desenvolvimento dessa tecnologia começou a tomar forma, com Warren McCulloch e Walter Pitts criando, em 1943, o primeiro modelo computacional de redes neurais. Embora o termo "inteligência artificial" só tenha sido cunhado em 1956 por John McCarthy, o conceito já existia, impulsionado pela corrida armamentista e os avanços tecnológicos da época, que pavimentaram o caminho para o que conhecemos hoje como IA.


Ao olhar para o passado, entendemos porque o mundo jurídico enfrenta dificuldades em acompanhar as rápidas mudanças tecnológicas. Embora o conceito de inteligência artificial já estivesse sendo discutido há décadas, a sua regulamentação no Brasil começou a ganhar forma apenas recentemente. A complexidade e a velocidade dos avanços tecnológicos, somadas à necessidade de garantir segurança jurídica e proteção de direitos, explicam essa defasagem. Agora, o desafio é criar normas eficazes que acompanhem o desenvolvimento da IA, garantindo seu uso ético e responsável na sociedade.


Um dos primeiros desafios enfrentados por nossa legislação é a adaptação às novas realidades tecnológicas, como a recente atualização na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Para compreendermos plenamente esse avanço, é essencial entender como funciona a tecnologia envolvida. A inteligência artificial, por exemplo, opera com grandes volumes de dados, analisando-os e gerando padrões de comportamento. Assim, a atualização das normas visa garantir que o uso dessas tecnologias respeite os direitos fundamentais, como a privacidade e a proteção de dados, equilibrando inovação tecnológica e segurança jurídica.


Na prática, o cenário é bem mais complexo. Uma vez que os dados são processados por uma inteligência artificial, eles passam por um "filtro", onde são analisados e transformados em novo conteúdo. Isso gera um problema de autoria e propriedade, pois os dados se misturam a tal ponto que fica difícil identificar sua origem. Por exemplo, se eu escrever um artigo sobre futebol e ele for utilizado por uma IA, quando alguém fizer uma pergunta sobre o tema, a resposta será uma combinação do meu texto com outros conteúdos disponíveis, diluindo a autoria original. Esse processo levanta importantes questões sobre direitos autorais e proteção de dados no contexto da IA.


É nesse ponto que surgem as preocupações: como proteger efetivamente os direitos autorais de todos? Será necessário impor limites ao conteúdo utilizado pelas inteligências artificiais, ou, o Direito deverá aguardar até que a tecnologia se adapte para garantir essa proteção? É difícil prever a solução ideal. Por ora, a melhor estratégia é manter o diálogo aberto e constante, envolvendo tanto juristas, quanto desenvolvedores de IA. Não podemos frear o avanço tecnológico, mas devemos garantir que ele ocorra de maneira ética e equilibrada. A legislação só será eficaz se atender às necessidades de ambos os lados, promovendo um debate contínuo e inclusivo.

Por Rayane Nunes

Aluna do 4º semestre de Direito


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Foto por: equipe dos embaixadores


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